quarta-feira, fevereiro 26, 2014

"Crime e Castigo" - frases notáveis

Crime e Castigo, de Dostoiévski, é considerado uma das mais importantes obras da literatura mundial.

A estória decorre quase sempre sob a perspetiva de Raskólnikov, um homem ainda jovem, estudante mal sucedido, atormentado por uma investigação policial contra si, que apenas sai do seu torpor nos confrontos com os dois pretendentes a casar com a sua irmã, o pedante Lujin, e o mal-reputado Svidrigáilov.

A descrição dos sentimentos e o relato das atitudes de Raskólnikov é tão detalhada e precisa que chega a perturbar o leitor. Provavelmente Raskólnikov, o personagem principal, seria hoje considerado um maníaco-depressivo. Muitos ficarão convencidos que Raskólnikov não pode deixar de refletir de algum modo o perfil psicológico de Dostoiévski, logo, que o escritor partilharia o distúrbio psicológico do protagonista que criou.

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Como em todos os grandes livros, também em Crime e Castigo existem frases, do narrador ou das personagens, que podem bem entrar no catálogo das grandes frases da humanidade; ficam os exemplos seguintes:


O narrador, descrevendo Pulkhéria Aleksândrovna, mãe de Raskólnikov:
[O]seu rosto conservava ainda restos da sua antiga beleza, e além disso parecia muito mais nova do que era, o que acontece quase sempre às mulheres que mantêm a clareza de espírito, a frescura dos sentidos, e um ardor puro e honesto no coração, mesmo na até na velhice.

Svidrigáilov fala para Raskólnikov:
E se raciocinarmos do seguinte modo (ora ajude-me): “Os fantasmas são, por assim dizer, farrapos e fragmentos de outros mundos, o princípio deles. Um homem saudável não tem naturalmente motivo para os ver, porque o homem saudável é o mais terreno dos homens, e portanto tem de viver apenas esta vida terrena, para bem da plenitude e da ordem. Mas assim que adoece, assim que se quebra a ordem terrena normal no seu organismo, logo começa a manifestar-se a possibilidade de outro mundo, de modo que, quando a pessoa morre definitivamente, passa diretamente para o outro mundo.” Tenho pensado nisto há muito tempo. Se acredita na vida futura, pode pensar nisto também.
- Eu não acredito na vida futura – disse Raskólnikov,

Svidrigáilov fala a Raskólnikov:
Na depravação há pelo menos alguma coisa constante, baseada na natureza e não sujeita às fantasias, alguma coisa que sempre arde no sangue como uma brasa, que nos incendeia eternamente, que ainda durante muito tempo, talvez mesmo com os anos, não se apagará tão cedo. Há de concordar, então isso não é uma espécie de ocupação?

Svidrigáilov fala a Raskólnikov:
[R]ecorri ao maior e mais eficaz meio para subjugar o coração feminino, um meio que nunca falha e que atua decisivamente em todas elas, sem qualquer exceção. É um meio muito conhecido: a lisonja. Mesmo que seja tudo falso até à última gota, será sempre agradável e ouvida com satisfação; pode ser uma satisfação grosseira, mas em todo o caso é satisfação. E por mais grosseira que seja a lisonja, pelo menos metade há de parecer sempre verdadeira. E isto vale para todos os níveis de desenvolvimento e todas as camadas da sociedade. Até uma vestel pode ser seduzida pela lisonja.

O tenente Pólvora fala a Raskólnikov:
O mais importante é que um homem tenha nobreza, o resto tudo se pode adquirir com o talento, o conhecimento, a inteligência e o génio.

Há ainda uma última frase, absolutamente espantosa, verdadeira chave do poder de alguns sobre a maioria; fica por citar.

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