sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Há 100 Anos Um Drama Português [2/3] - O Regicídio

Há 100 anos dois homens embuídos de uma fé poderosa em promessas de amanhãs de progresso e felicidade entregam-se a uma missão de morte que sabem que os inclui; lançam-se sobre a carruagem do Rei D.Carlos mantando-o e matando o Principe Real, D.Luiz Filipe. Um gesto assassino é a forma que encontram para dar sentido a vidas vazias, exorcizar frustrações, extravazar ideais carregados de fanatismo, alcançar notorieades de outro modo impossíveis. Estes matadores foram a mão de gente bem-posta. Em tudo os ingredientes dos suicidas políticos dos tempos modernos.



No dia 28 de Janeiro fora frustrada mais uma tentativa de golpe de Estado republicana, desta vez com eleições marcadas. Afim de evitar a existência em Portugal de dirigentes políticos presos, o Rei assina em Vila Viçosa o decreto da deportação dos golpistas para as Colónias onde cumpririam a pena em liberdade.

No recaldo do fracasso de 28 de Janeiro há muita raiva e frustração por superar. Entre quem não está detido é decidido um golpe capital no Regime: assassinar o Rei e se possível também João Franco.

No dia 1 de Fevereiro de 1908 um grupo de cinco carbonários vai cumprir a missão. Na parte da manhã ainda procuram João Franco, mas não o encontram. Resta o Rei que regressa à tarde de Vila Viçosa

O Rei, que antecipara o seu regresso a Lisboa, chega ao Terreiro do Paço pouco depois das 5 da tarde. A tentativa de golpe de Estado fora há quatro dias e há quem ainda tema loucuras. D.Carlos não quer que o povo lhe veja medo e recusa ir de automóvel onde estaria mais seguro por ser fechado e mais veloz. A família real sobe para um landau e segue para o Palácio das Necessidades. D.Carlos, D.Amélia, D.Luiz e D.Manuel estão agora a descoberto e numa posição isolada e são um alvo fácil para os atiradores a postos. Ainda a meio do Terreiro do Paço, junto às colunas do lado poente, os dois suicidas aproximam-se da carruagem e matam.

O Rei paga a sua audácia politica com a própria vida e com a vida do Principe Real, Luiz Filipe.


Os republicanos tinham morto o Rei mas não tinham acabado com a Monarquia. Para isso terão de esperar quase três anos e contar com a inestimável e preciosa ajuda dos próprios monárquicos.

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