Em 1906 a Monarquia portuguesa está num marasmo político. Alternam no poder dois Partidos – o Partido Regenerador e o Partido Progressista - com chefes eloquentes mas tíbios, competindo entre si pelo poder de gerir teias de interesses na distribuição de cargos públicos e favores económicos.
(Foto de João Franco obtida neste link) |
O Rei D.Carlos percebe que manter o marasmo é dar espaço político à magia republicana e opta pela mudança. Realizam-se eleições em Agosto de 1906 e delas resulta um acordo político entre o Rei, João Franco e Luciano de Castro, o chefe dos Progressistas, que permite obter uma maioria parlamentar para suportar uma solução de governo fora do rotativismo. É nomeado para Primeiro-Ministro João Franco, um homem que já se destacara pela sua frontalidade e coragem. Mas os Progressistas rompem o acordo e João Franco apresenta a demissão ao Rei dado que nenhuma das suas reformas consegue ser aprovada no Parlamento.
O Rei não cede. Em Maio de 1907 dissolve o Parlamento e manda preparar novas eleições. Em Dezembro de 1907 o Rei marca as eleições para Abril de 1908. João Franco governa há sete meses sem o Parlamento e pelo calendário eleitoral ainda governaria mais quatro meses dessa forma.
Sobe de tom a ira das oposições monárquicas e republicanas contra o Rei e contra o Primeiro-Ministro, a quem apelidam de ditador. É certo que era comum um Primeiro-Ministro governar com o Parlamento fechado no intervalo das sessões parlamentares, mas desta vez pressente-se que das eleições resultará um terramoto político. Os Partidos do rotativismo odeiam João Franco porque ele vai pôr fim a um equilíbrio e a redes clientelares de interesses que duram há décadas. Alpoim e o seu Partido da Dissisdência Progressista odeiam João Franco porque queriam ter sido eles os escolhidos pelo Rei para protagonizar a mudança. O Partido Republicano odeia João Franco porque João Franco representa a mudança pela reforma, e se o país muda dentro do Regime pela ação conjunta do Rei e de João Franco, então fica esvaziada a necessidade de mudar pela instauração da uma República. Por extensão, quem não gosta de João Franco agora também não gosta de D.Carlos, pelo menos enquanto João Franco for o seu Primeiro-Ministro.
Os monárquicos de Alpoim e os republicanos querem evitar as eleições e conluem-se para uma revolta. Alpoim imagina derrubar João Franco, depor D.Carlos e ser Primeiro-Ministro de D.Luiz, que subiria ao trono. Os monárquicos financiam a compra de armamento, os republicanos preparam a revolta e arregimentam os civis que a executará.
Os preparativos já vão adiantados quando os republicanos informam Alpoim que do golpe resultará a proclamação da República, e não a aclamação de um novo Rei. Para os monárquicos envolvidos é tarde para arrependimentos.
A 28 de Janeiro de 1908, data da revolução, tudo falha. Alpoim, o principal dirigente monárquico envolvido, foge para Espanha, mas os outros cabecilhas envolvidos no golpe, monárquicos e republicanos, são presos.
Quatro dias depois o rei é assassinado em Lisboa.
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