O Canon de Pachelbel tem duas partes; a inícial, em que apetece deixar de ouvir, e a que se lhe segue, quando a música se transforma num prazer.
O Canon é como o estudo. Primeiro é difícil, árido, parece que não se chega a lado nenhum. Finalmente o assunto fica percebido, e depois disso, querendo ir mais longe, pode até ser possível dominá-lo, valorizando-o com com acréscimos não requeridos à partida e que mostram que se ultrapassou a mera compreensão. Nada disto se faz sem insistência e sem trabalho.
E por falar em trabalho, este Canon também é como um projeto de trabalho. Primeiro é difícil, não se sabe bem o que se vai obter. Depois, toma forma, percebe-se que está encontrado o caminho para o “bom” e passa a ser possível dar-lhe detalhes de “beleza”. Nesse sentido, o Canon é a busca do “bom e do belo” de que falaram os filósofos gregos.
O Canon é a exemplificação da passagem da pedra bruta ao cubo de faces polidas pelo homem.
Em baixo, o Canon de Pachelbel interpretado pela orquestra de Academia de St.Martin in
the Fields com instrumentos mais evoluídos que os da época em que a obra foi
escrita; soa melhor assim, e Pachelbel, que com certeza tinha o "sentido da melhoria", haveria de ter gostado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário